opiniões de resenhistas
Sobre o romance “Nada vai acontecer com você”
“Esse poder de análise é um diferencial no livro de Simone Campos se pensarmos nas mulheres como personagens na literatura policial. Em ‘Nada vai acontecer com você’, elas estão têm nas mãos a possibilidade de resolver seu conflito. A vítima é ativa. Pondera, atua, reage, negocia. Sobre isso, vale a pena ler o ensaio ‘Sobre homens medíocres e violência’, de Emanuela Siqueira, na edição de outubro do Suplemento Pernambuco, sobre a forma de escrever e de apresentar personagens mulheres em narrativas de violência.
O homem responsável pelo sequestro de Viviana parece nem ver aquilo como um crime, mas como uma forma de resolver a ‘relação’ entre eles, uma oportunidade. Ele quer conversar, oferece ajuda, entrega um casaco para ela não passar frio trancada num cômodo pequeno. Esse perfil abusivo está presente não apenas nessa trama principal, mas distribuído em pequenas histórias dentro da história. Uma foto de um homem não solicitada no celular de Lucinda, logo no início do livro. A descredibilização de uma denúncia feita por Viviana sobre um grupo de amigos. Esses casos passam rapidamente pelo enredo para lembrar de que se está falando de algo mais espalhado do que parece, que tem a ver com o desrespeito à voz das mulheres, a sua vontade e a invasão de seu espaço.”
Gisele Barão – Jornal Rascunho – março/2022
“Duas irmãs e um mistério. Por que uma delas desapareceu? Eis o ponto de partida de ‘Nada vai acontecer com você’, mais recente romance de Simone Campos. Mas o livro vai além do suspense bem-amarrado: com a construção de personagens femininas marcantes, a exemplo do que conseguiu no romance anterior, ‘A vez de morrer’ (2014), Simone traça também retratos de uma geração desiludida pelas frustrações, pressionada pelos padrões de beleza e com a sua própria ‘cota de pesadelos’, como define uma das irmãs, Lucinda.”
Carlos Marcelo – Estado de Minas – 03/12/2021
“Um thriller nacional que começa doce, mas que em todos os momentos da narrativa te mantém preso às páginas e sem saber o que acontecerá nas páginas seguintes. Imprevisível, feminista e político, o romance de Simone Campos parece o compilado perfeito das minhas preferências literárias. Começando pela trama óbvia de duas irmãs muito diferentes que se veem separadas pelo destino, a autora consegue tangenciar o previsível e garantir que o leitor chegará ao último parágrafo ávido por mais.”
Mylane Damasceno – Roendo Livros – 23/09/2021
“A oportunidade de conhecer Davi pela visão dela [Viviana] também é um indício deixado pela autora para quem lê: um dos mais banais dos homens, em uma história que parece corriqueira sobre obsessão e desejo, é um potencial estuprador e assassino. Neste capítulo, rapidamente ele se torna um clássico irritante, mergulhado em uma banheira de tentativas clichês de se mostrar um homem que acredita ser ‘progressista’ porque possui capital cultural. Davi não mede esforços para provar que é interessante, porém apenas reforça a certeza de que é um abusador e não tem nada de fascinante. Pelo contrário, damos gargalhadas às custas desse homem que se esforça tanto para ser o ideal.”
Emanuela Siqueira – Suplemento Pernambuco – out/2021
“Se Campos parece bem imersa no zeitgeist contemporâneo através das questões identitárias exploradas na narrativa, também o faz ao sintonizar-se a essa onda de nostalgia dos anos 90 e começo dos 2000, com um vasto repertório de referências, de ‘X-men’ a ‘O Clone’. Essas referências da cultura pop dividem espaço com outras eruditas, como ‘Dom Quixote‘ ou Dostoiévsky, mostrando, ainda, a capacidade de conciliar de forma harmoniosa erudito e popular, nem superficial nem críptica.”
Pedro Sasse – Escritos suspeitos – 4/7/2021
Sobre o romance “A vez de morrer”
“Campos explora as linguagens do tempo em que vive e da geração a que pertence, mostrando-se à vontade com as possibilidades narrativas que um bom romance requer. Sua antena para capturar as contradições humanas e sociais é apuradíssima, assim como sua habilidade em transformar tal matéria-prima em boa literatura. O livro evidencia, assim, não apenas a maturidade precoce da autora, como também o vigor de uma nova geração literária que vem se afirmando no cenário brasileiro atual.”
Maria Esther Maciel – Folha de São Paulo – 11/08/2014
“É o melhor exemplo da nova literatura brasileira contemporânea. Com linguagem moderna e sem firulas, Simone nos faz acompanhar Izabel, uma jovem dos dias de hoje. O tipo de livro que pode levar alguém a se apaixonar pela nova literatura brasileira.”
Luiz Biajoni, no Literatsi
“Simone Campos […] lança agora ‘A Vez de Morrer’, em que parece já dar um passo além nessa visita ao mato. A bolha imobiliária carioca é colocada no romance como uma razão concreta para essa migração. […] Mas a conclusão dessa migração é frustrante e insatisfatória. Aqui, parece haver a constatação de que o campo como coisa externa já não existe mais. A fuga da cidade já não é mais possível, porque o urbano está em todo lugar e só é possível migrar para seus derivados: suburbano, pós-urbano. E talvez essa seja a resposta. A literatura brasileira busca novos horizontes, mas já vela um paraíso perdido. Um cenário que não mais existe. Uma natureza-morta à qual ela não pertence.”
Santiago Nazarian – Folha de São Paulo – Êxodo urbano na atual escrita brasileira – 28/09/2014
“Izabel, a protagonista de ‘A vez de morrer’, volta do Canadá para o Brasil e, penando para se estabelecer em um Rio de Janeiro que se tornou hostil devido ao caos cotidiano e à bolha imobiliária, decide passar uma temporada no sítio deixado pelo avô na serra fluminense. A crônica detalhada dessa experiência começa com as pequenas coisas — limpar a piscina, revirar as lembranças de família — mas logo se ramifica num amplo painel de costumes e transformações sociais, no qual questões como a liberdade sexual e as novas relações de trabalho são fontes de angústia e empatia entre os personagens. Izabel encontra um interior urbanizado e moralista de mentes disputadas pela religião e pelas novas tecnologias, um mundo em que ser moderno já deixou de ser glamouroso ou mesmo de fazer sentido.”
Daniel Galera – coluna no jornal O Globo – “Mato globalizado” – 21/07/2014
“Simone é uma das pessoas que escrevem mais legal que eu conheço. Dificil dar uma ideia assim rapidamente. É muito bom.”
Laerte Coutinho – via sua página de Facebook – 22/07/2014
“Eu achei ‘A Vez de Morrer’ tão bom, mas tão bom, que no meio da leitura eu queria parar e dar um abraço na Simone Campos pra agradecer.”
“[…] é uma leitura que recomendo demais para quem, como eu, tem uma queda por livros que tratem de coisas que poderiam acontecer fora das páginas, e por personagens gente como a gente. Depois que você conhece a escrita da Simone, não consegue mais largar.”
Fabíola Paschoal, no blog Cocota nerd – 22/09/2014
E mais:
- Matéria do El País: as personagens femininas de A vez de morrer
- Entrevista a Santiago Nazarian em O Globo: “O Rio está sempre vivendo pequenos apocalipses”.
Sobre “OWNED – Um novo jogador”
Um jogo em capítulos – matéria de Murilo Roncolato – Estado de S. Paulo – 24/07/2011
“Pode parecer confuso no início, mas a gente pega o jeito muito rapidamente e o resultado é bastante divertido, bem sacado e extremamente caprichado.”
Fernando Souza Filho – revista EGW Brasil, mar/2012
Sobre “Amostragem complexa”
“Irônicas e labirínticas, as histórias trazem personagens perdidos entre a angústia do cotidiano e o desequilíbrio da alegria, em narrativas que escondem (também) largas elucubrações sobre o que é literatura ou melhor sobre o que ela deveria ser e não pode ou talvez nem precise mais ser.”
Schnaider Carpeggiani – Jornal do Commercio (Recife) – mai/2009
Sobre “A feia noite”
“Em seu primeiro romance, o shopping era onipresente, o centro da vida dos personagens; agora, é a noite que ganha destaque e protagoniza todos os capítulos, que rege e embala as discussões e decisões. (…) O livro é uma fatia de noites atrevidas e sensíveis, dolorosa e mágica.”
Ana Paula Maia – blog Paralelos – 07/11/2006
“A feia noite, de Simone Campos (7 Letras), é uma historinha de amor fragmentada e talvez excessivamente cifrada, mas é também uma sucessão de ótimas cenas e frases de dar inveja, uma demonstração empolgante de estilo.”
Daniel Galera – em seu blog
“Cheio de Vitamina D, A feia noite é magro, mas não raquítico. É um livro de ossos fortes e que demonstra ser de grande ajuda nas funções cardíacas, musculares e, claro, neurológicas.”
André de Leones – em seu blog
“Em seu esperado segundo livro, ela confirma a escrita: nada a ver com literatura de mulherzinha ou, pior, de carioquinha – o Rio de Janeiro que ela nos mostra é noturno, sujo, feio, forte e formal (…)”.
Ronaldo Bressane – Revista Trip – novembro de 2006 – leia na íntegra
“A proposital falta de objetividade da narrativa às vezes pode cansar um pouco, mas nada que atrapalhe muito este fluxo de consciência intermitente, porém muito bem escrito, amparado na indefinição da personalidade de Maria Luiza.”
André Luis Mansur – O Globo – Prosa & Verso – 20/01/2007 – leia na íntegra
E mais:
Palavras de quem passou pela peneira – Megazine – jul/2008
Uma jovem, dois romances (parte 1) (parte 2) – Revista EntreLivros – por Pedro E. Urban – jul/2005
Sobre o conto Bondade (coletânea “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura”):
“Uma das boas surpresas foi ‘Bondade’, de Simone Campos, que eu desconhecia, apesar de a garota de 21 anos já ter um romance publicado. O tema do conto é uma bobagem extrema (…) Se alguém me contasse a história, provavelmente ia fazer um muxoxo e mandar essas meninas encararem um tanque e parar de fazer drama com besteira. Mas o conto é tão bem urdido, tão envolvente, que quando me dei conta estava acompanhando aquilo como se os dilemas da narradora fossem de suma relevância para a humanidade.”
João Ximenes Braga – em seu blog – mai/04
Sobre “No shopping”
“O livro “No Shopping” poderia a princípio parecer apenas uma publicação a mais, inserida no atual filão voltado ao público adolescente, com um título a sugerir um enredo pueril e consumista. Sua leitura, entretanto, surpreende em alguns aspectos, a começar pela linguagem, com um texto cuja estrutura é marcada por uma narrativa cortada e não linear, muitas vezes próxima à poesia.”
Heitor Frúgoli Jr. – Folha de SP – 10/02/2001 – leia na íntegra (assinantes da Folha/UOL)
“O pequeno livro de Simone (no tamanho, mas não na importância) revela os sintomas de uma geração que vem se formando com o processo de globalização e com o avanço desenfreado da Internet e da cibercultura. (…) Felizmente, Simone Campos aprofunda o questionamento desse vazio, assumindo com coragem os escombros de tantos projetos fracassados para extrair deles alguma centelha, ainda que tênue, difusa. A força de sua prosa está justamente na fragilidade que revela, na aceitação da beleza que se esconde na sua precariedade.”
Reynaldo Damazio – Revista Cult fev/2001 – leia na íntegra
“Simone Campos apresenta maturidade surpreendente para não cair na pasmaceira ideológica de culpar o sistema, a globalização e seu descarado estímulo ao consumo sem culpas. Ela simplesmente constata o que toda essa mistura pode provocar nos corações e mentes de toda uma geração, aliás, de sua própria geração.”
André Luis Mansur – O Globo – Prosa & Verso – 17/02/2001 – leia na íntegra
“O mais original (seria demais falar em pós-moderno?) é que Simone exerce sua ironia e mordacidade contra o mundo dos shoppings, falando de dentro desta mesma cultura. Não é mais preciso ser um outsider para ser crítico.”
Beatriz Resende – no.com.br – 05/10/2000 – leia na íntegra: parte 1 – parte 2
“(…) escrito num ritmo que lembra o próprio shopping, com uma estrutura que mistura videoclipe e colagem pop. A sintaxe é desconcertante, como os idosos julgam ser a cabeça de um adolescente. Aliás, não é um livro fácil, independentemente da idade.”
Zuenir Ventura – Época – 25/12/2001 – leia na íntegra
E mais:
- As letras vão ao shopping – por Francesca Angiolillo – 26/ago/2000 – capa da Folha Ilustrada
- Diga não ao consumismo (entrevista) – jornal A tarde – por Nadja Vladi – jan/2001
- Novos talentos – Vogue alto verão 2006 – por Ignácio de Loyola Brandão